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9.3.07

Renascer

Dizer que esta sequência final de Brigadoon é um verdadeiro milagre é dizer pouco. Um milagre é esse local chamado Brigadoon, onde os sonhos são realidade e, quanto à realidade, o contacto mais próximo é durante o sonho, quando essas vozes nostálgicas das gentes do mundo exterior tão desesperadamente procuram um lugar como aquele. Porém, o que aqui acontece, por Tommy amar tanto Fiona, já ultrapassa essa noção de milagre, e por isso é que esta é uma das mais belas cenas de sempre: é um milagre que, de certa forma, tem que ser quebrado, para que possa acontecer outro. Outro ainda mais transcendente e belo: um renascimento antes do tempo de renascer.

12.11.06

Amizade, Amor e Solidão


Dizer que estamos perante uma das grandes histórias de amor da história do cinema, não deixando de ser verdade, também não faz justiça à complexidade humana das personagens de Some Came Running (em português, Deus Sabe Quanto Amei), de Vincente Minnelli.

Ao regressar à sua cidade natal após abandonar o exército e a escrita, Dave Hirsh (Frank Sinatra) procura dar um rumo à sua vida, e finalmente assentar. Conhecido por sair com muitas mulheres e arranjar facilmente problemas em bares, Dave acaba por se apaixonar por uma professora de literatura que admira o seu talento enquanto escritor, mas que teme a sua forma de ser enquanto pessoa. Simultaneamente, Ginnie (Shirley MacLaine), uma rapariga inculta com quem costumava sair, começa a apaixonar-se por ele. Confrontado com um sentimento de desespero cada vez mais perturbante, Dave procura lidar com isso através das novas amizades que faz na cidade, como Bama Dillert (Dean Martin), com o qual tem muito em comum. Cada vez mais sozinho e fechado, confrontado com uma solidão que nem a maior amizade consegue fazer desaparecer, Dave é uma das mais desencantadas personagens de que há memória, e
Some Came Running um dos grandes melodramas do cinema clássico.

29.10.06

Reencontrar Brigadoon


Importa chamar a atenção para o recente lançamento no mercado português de DVD de «Brigadoon» (1954), um dos mais esquecidos e injustiçados filmes de Vincente Minnelli. É uma excelente oportunidade para resgatar do esquecimento esse que é um dos maiores musicais de Hollywood.

Brigadoon, a pequena aldeia imaginária escocesa que ganha vida apenas um dia em cada cem anos, constitui um espaço cinematográfico único e irrepetível, onde se cruzam números musicais de verdadeira exaltação da cor, do movimento… e, claro, do amor. Nesse reduto espacial encantado, quase onírico, quase sussurrado, preserva-se a inocência do olhar e o poder aglutinador do sonho.

Minnelli capta esta belíssima fábula (que é também uma intemporal história de amor) num cinemascope exuberante e o eterno Gene Kelly contracena exemplarmente com a deslumbrante Cyd Charisse. «Brigadoon» é um musical de coração cheio. Quem o visita, jamais o esquece.