8.11.08

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Depois do estrondoso sucesso de reinvenção artística e espectáculo que foi Casino Royale, a série Bond volta, por assim dizer, à banalidade que a caracterizou durante largos anos. Funcionando como sequela do filme anterior, num esquematismo transparente de sequência de acção-diálogo inconsequente-sequência de acção, The Quantum of Solace cumpre os mínimos para um filme deste orçamento e magnitude, mas não vai um milímetro além disso. As sequências de acção inspiram-se quase exclusivamente nos filmes de Jason Bourne, faltando no entanto a coerência estética e o domínio da "câmera nervosa" que Greengrass já desenvolveu. As miúdas russa e inglesa são, também elas, ecos de inúmeras bond girls anónimas, caras bonitas que rapidamente cairão nas brumas do esquecimento. Longe, muito longe de Eva Green e da sua Vesper Lynd. Mais que isto tudo, faltam personagens e narrativa, falta a complexidade piscológica que permeava o grande filme de acção que Casino Royale é. Salva-se o carisma que Daniel Craig continua a emprestar a Bond. Mas é pouco, muito pouco mesmo.

1 comment:

Mafalda Azevedo said...

Belo texto. Concordo inteiramente contigo.