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25.2.10

O Horror do Esquecimento



«Pensarei nesta história como o horror do esquecimento» (in «Hiroshima Mon Amour»)

11.4.08

Solidão Instalada


«Coeurs» afirma-se desde já como um dos mais interessantes filmes lançados entre nós neste paupérrimo início de 2008. Quase cinquenta anos volvidos sobre a estreia da sua obra-prima, «Hiroshima Mon Amour» (1959), o veteraníssimo Alain Resnais decide filmar aqui a solidão não como programa ou percurso, mas como irreversível sentimento instalado. As personagens cruzam-se mas nunca saem realmente do mesmo sítio e surgem no ecrã sem contexto e sem futuro. Vamos percebendo, a cada fotograma que se acumula, que o movimento exterior destas personagens corresponde tristemente a um movimento estático interior.

Mais do que no argumento (que não nos assalta o espírito nem faz a diferença) importa atentar na realização de Resnais, notável a todos os títulos: os planos picados que esmagam as personagens, o posicionamento da câmara na exploração dos espaços que lhes aprisiona o olhar, a ausência de exteriores que as sufoca sem remissão. E a neve, claro, que transforma as personagens em meros bonecos fechados numa redoma em cima de uma cidade, Paris, que nunca vemos realmente. Talvez não seja um filme assim tão distante do abstraccionismo formal presente no genial «L’Année dernière à Marienbad» (1961).

1.1.07

L´Année Dernière à Marienbad


MISTÉRIO BELO BUSCA VAZIO AMOR PERDA

ESPAÇO-TEMPO É IMAGEM JOGO VIDA PALAVRA MEMÓRIA MORTE

CAMINHO PROCURA OLHAR RESPOSTA INFINITO VERDADE IMPOSSÍVEL DISTANTE

5.11.06

«Hiroshima Meu Amor», meu amor!


«Hiroshima Mon Amour» (1959) – assim mesmo, sem qualquer vírgula, «para atenuar a violência» do choque entre as palavras Hiroshima e Amor –, essa obra-prima imprescindível de Alain Resnais, esse verdadeiro monumento de modernidade cinematográfica, contém das mais belas frases da história do cinema. Pelo menos ditas daquela forma, naquele contexto, por aquelas personagens...

Aquilo que começou por ser um documentário sobre a devastação nuclear de Hiroshima, na esteira do sucesso de «Nuit et Brouillard» (1955), acabou por transformar-se numa extraordinária meditação sobre o amor, as memórias, o tempo e a guerra. Alain Resnais apresenta um majestoso e moderno trabalho de realização (basta atentar na imagem inicial, onde se entrelaçam dois corpos em grande plano), mas são também os diálogos escritos por Marguerite Duras que conferem a este filme uma aura de indizível beleza. Seguem alguns exemplos:

- «Tu és como mil mulheres numa só».

- «Daqui a uns anos, quando te tiver esquecido e quando outras histórias como esta, pela força do hábito, voltarem a acontecer, lembrar-me-ei de ti como do esquecimento do próprio amor. Pensarei nesta história como o horror do esquecimento.»

- «Ele virá direito a mim, vai agarrar-me pelos ombros, vai abraçar-me… Vai abraçar-me… E perder-me-ei.».

- «Devora-me. Deforma-me à tua imagem para que um outro qualquer, depois de ti, não entenda mais o porquê de tanto desejo. Vamos acabar sós, meu amor. A noite não vai acabar. O dia não se erguerá mais sobre ninguém. Nunca mais. Finalmente!»