6.10.07

Les Chansons d'Amour

Depois do (e durante o) visionamento do novo filme de Christophe Honoré, a maior sensação que me invadiu foi de alívio. Isto porque, depois de lidas alguns artigos sobre o filme, esperava um musical completo. Ou seja, apenas música, sem diálogo falado. O que para mim (e atenção, eu sou uma grande defensora de musicais!!) é um pouco demais. Quando me apercebi que não era este o caso, pude apreciar o filme ainda mais.

Não me é fácil explicar o porquê de ter gostado tanto assim deste filme. Como musical, é no mínimo, surpreendente. Se bem que espelhe um final onde se projecta alguma esperança, é talvez o mais duro e amargo musical que alguma vez vi. Como drama (apesar de ter alguns momentos mais leves, cómicos, mesmo, no fundo é mais drama que comédia) é igualmente surpreendente, devido ao elevada presença de números musicais (se bem que isso para mim, pessoalmente não seja qualquer problema, que fique bem claro!).

É um facto que está bem realizado. É um facto que as interpretações são excelentes, especialmente as de Louis Garrel e Chiara Mastroiani; ele mais explosivo, ela incomodativamente contida, cada um a sofrer, e a querer superar à sua maneira a perda de Julie (Ludivine Sagnier). É um facto que a banda sonora de Alex Beuapain (que já tinha proporcionado um dos melhores momentos de "Dans Paris") é extraordinária. É mesmo a melhor coisa do filme (uma boa banda sonora de um musical sustém-se a si mesma, não precisa do filme para fazer sentido, e isso acontece aqui), pontuando os momentos mais emocionais da melhor forma. Só o argumento podia ser melhor, mais consistente, porque se notam alguns desiquilíbrios entre as duas partes demarcadas no filme.

O mais importante de tudo é que o filme me fez vivê-lo. Fez-me viver os dilemas das personagens, fez-me rir com elas, fez-me chorar com elas, fez-me sentir o desespero delas, as suas motivações, as suas dúvidas... e finalmente; a sua evolução, não vista, mas antes percepcionada.

É isto que eu espero num filme. É por isso que, apesar da (para mim, mínima) deficiência do argumento, "Les Chansons d'Amour" é, para mim, um dos bons filmes que sobressaem neste ano que tem sido tão fraco...

1 comment:

Anonymous said...

Se há coisa que este filme tem é vida... vida a transbordar. Que belo reencontro com Honoré.