25.2.07

I (don't) Know Where I'm Going

SPOILERS

I Know Where I'm Going inicia-se com pequenos segmentos (de segundos) sobre o crescimento de Joan. Logo com um ano, constata o narrador em tom irónico, já sabia para onde ia: "não para a esquerda, nem para a direita, mas sempre em frente."

Com 25 anos, Joan continua igual: sabe o que quer e para onde vai, ateimando não se desviar do caminho que decidiu seguir. Assim, apesar do desapontamento do pai, casará em breve com um homem muito mais velho, rico, que tem uma casa numa pequena ilha chamada Kiloran, para onde Joan se dirige e onde, no dia seguinte, deverão casar.

Mas o mau tempo estraga os planos dos noivos, visto que a travessia para a ilha não pode ser feita nas presentes condições atmosféricas. É então que Joan conhece um homem de Kiloran (Torquil), que também está à espera de poder fazer a travessia.

E é aí que tudo se baralha e se confunde: as expectativas, as opções, os sonhos, os desejos. Enfim. Joan já não sabe para onde vai, ou para onde quer ir. Ou melhor: sabe o que quer porque o decidiu fazer por achar melhor para si; e sabe que isso é diferente daquilo que intimamente deseja.

Mas Joan, que desde que tem um ano segue sempre em frente sem se desviar do caminho, continua com a mesma determinação. Para evitar qualquer desvio que esse sonho possa provocar, Joan decide tentar fazer a travesia pagando a um rapaz para a levar de barco, na qual Torquil decide ir também, por não a ter convencido a não entrar no barco. Mas não só não conseguem chegar, como por pouco não morrem afogados.

Voltam a salvo, e no dia seguinte o tempo está bom. Joan pode finalmente partir e libertar-se daquilo que cada vez mais a perturbava ali; algo que a estava a impedir de ter a certeza de saber para onde vai. É então que na sublime cena de despedida Joan pede para Torquil a beijar. Durante breves segundos, o sonho e a vida misturam-se num só, e logo de seguida afastam-se, seguindo direcções diferentes, sem dizer mais uma palavra, deixando aquele momento como memória última do que passaram juntos. Agora, o sonho voltou a ser apenas sonho e a vida apenas vida. A vida está à sua frente, mas o sonho ficou para trás. Talvez não seja esse o sonho que quis, mas foi esse o que teve.

Porém, numa das cenas mais belas de sempre, Joan volta para Torquil, que se encontra num castelo que tem gravada uma maldição contra a sua família. Que verdadeiro milagre de sequência, essa em que tudo se inverte; em que definitivamente a vida e o sonho são a mesma coisa; em que a maldição se torna quase um milagre, através dos planos que lhe antecedem e sucedem, como naquele sublime plano final em que "acorrentados" se afastam juntos. Mas agora já nada é efémero. Agora, é acorrentados que deverão viver até ao fim dos seus dias, e morrer acorrentados.

1 comment:

Filipa Lopes said...

Filme sublime...

Palavras para quê?

(Já estás mesmo a verque vais ter que mo emprestar, para eu o RE-visionar, não estás? ;))