Sob o signo de David Fincher
Enquanto um dos nomes mais marcantes do cinema norte-americano dos anos 90, David Fincher, provocou diversos momentos de ruptura no panorama actual desde a sua insurreição. Proveniente do mundo dos anúncios e vídeos de música, ainda hoje motivo de escárnio, Fincher trouxe com os seus filmes uma abordagem muito peculiar ao processo de exposição de uma obra de cinema chegada de Hollywood. Não há como ignorar o facto de todo o thriller pós-Se7en possuir marcas vestigiais da obra de 1995, por mais antagónico que fosse. Alguns elementos da sua visão sórdida e viscerosa contaminaram o cinema contemporâneo, muitas vezes para o pior, tendo em conta que estas réplicas são, no geral, abomináveis objectos de cinema reciclado. Cresce então um fascínio pela dominante capacidade de Fincher assombrar as narrativas de forma a torná-las mais aptas a serem trespassadas pela luz da concepção. É nos momentos de mais evidente bestialidade e morbidez que residem os reflexos de maior honestidade e audácia da sua obra. E, com a estreia de Zodiac na próxima quinta-feira, é altura de relembrar o soturno rasto deixado por este celebrado (e odiado) realizador nalgumas das suas mais inóspitas imagens.
Alien 3 (1992)
2 comments:
O que me preocupa em "Zodiac" é a hipótese de ser uma tentativa de recuperar o sucesso granjeado por "Se7en", depois de um fracasso enorme - "Panic Room".
Verei o filme e espero que, como sempre em Fincher, traga algo de novo e de perturbante.
Aquilo que preocupa o Miguel é precisamente o que me dá algumas esperanças: o regresso a um cinema "virtuoso", sim, mas que não me deixe vazio como aconteceu com a obra dele pós "Se7en".
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