Porquê? Era bom que desses razões, que argumentasses.
Esta escolha parece demonstrar algum desconhecimento histórico: mesmo que não gostes, a influência dos filmes de Vigo e Truffaut, por exemplo, é inquestionável (o que faz com que não possam estar 'sobrevalorizados', já que a história confirma o seu valor).
Mas claro podes não gostar. Provavelmente aquilo que não aprecias é o que faz deles filmes únicos. Todos estes cinco são.
Agradeço o comentário. Tentando responder brevemente:
1 – O meu post pretendia ser apenas uma enumeração (na linha estrutural de outros posts que podem ser encontrados neste blogue), não uma reflexão ou argumentação. Em todo o caso, a explanação de ideias pode ser feita nesta zona de comentários sempre que justificado.
2 – Pessoalmente não encaro a cinefilia como um processo de levantamento histórico. O Cinema tem naturalmente uma raiz histórico-cultural inultrapassável, que deve ser considerada quando se analisa um filme, mas gosto de pensar pela minha própria cabeça e sentir com o meu próprio coração as imagens em movimento que compõem determinado filme.
3 – Apesar de gostar muito de História não sou historiador e a perspectiva em que me coloco é, em regra, a de espectador. Daí que a cinefilia, enquanto atitude pessoal e intransmissível, se faça muitas vezes contra ou apesar da História. O valor histórico de um filme não é mais do que o valor atribuído, num dado momento, pela historiografia do Cinema, e a História é suficientemente dinâmica e complexa (e o Cinema uma arte ainda tão jovem…) para encetarmos juízos definitivos. Daí que privilegie a perspectiva pessoal, que é também dinâmica e evolutiva, mas que me interessa mais quando penso/debato sobre Cinema. No limite voltamos à velha questão: buscamos/valorizamos filmes que sejam importantes para a História ou que sejam importantes para nós? Pela minha parte respondo: busco filmes que sejam importantes para mim (que sejam memórias pessoais), sendo que os filmes historicamente importantes são uma excelente e inevitável fonte para essa busca permanente.
4 – Dito isto, não nego (nem analisei) a importância histórica de cada um dos filmes que enumerei. Nem digo que sejam maus filmes. Nem sequer pretendi contrapor a minha perspectiva à perspectiva histórica. Ao dizer que são 5 filmes sobrevalorizados pretendo apenas dizer que tenho a percepção de que são filmes a que a maioria dos espectadores/cinéfilos (sobretudo os contemporâneos) atribui um valor que pessoalmente não lhes reconheço. Independentemente da História, é nos elogios estritamente artísticos que me baseio para este exercício radicalmente subjectivo que é afirmar que são filmes sobrevalorizados.
Mas a questão do valor subjectivo, do valor para ti, leva a outra: Para quê escrever? (Para quem? é outra.) Penso que só poderá ser para contribuir para o 'entendimento' de determinado filme e por extensão do próprio cinema. Bem sei que esta idea não é muito popular. Espera-se dos críticos por vezes uma mera opinião, melhor ou pior defendida, mas quase nunca 'argumentada'. Essa foi uma das coisas que sempre me frustrou no exercício da crítica e que me levou a dizer 'adeus'.
Como dizes, a história é dinâmica e a tua (a nossa) relação com os filmes também. Tudo bem. Mas com certeza esta subjectividade que defendes não se basta a si própria. Por isso lês, vês outros filmes: és um espectador informado. Tens uma educação específica em relação ao cinema e isso influencia o modo como vês e avalias os filmes. O que eu disse é que sobretudo quando se fala de marcos como estes é necessário saber de onde eles vieram e o que veio deles. Chama-se a isso 'humildade' (porque há sempre muito que não sabemos) e 'curiosidade' (porque queremos saber).
sempre o mesmo argumento de quem não entende o cinema como um mundo, uma história, as suas relações, interpelações, ligações, etc...e realmente atirar assim "para o ar" um exercicio tão fútil é lamentavél...
O bresson, o Truffaut e os outros que te perdoem que eu não posso...
Flávio não percebo bem porquê implicar com este post. O post, penso que, da maneira como o vejo, não pretende ser profundo nem erudito, para isso quanto muito estarão as críticas. O post é apenas uma lista. Como esta deparo-me com outras em tantos, tantos blogs por aí espalhados. Também deixa este comentários nos outros?
Lista ou não, é um completo disparate. Não entendo o que faz o Feiticeiro de Oz e o Brave New World no meio dessas 3 obras primas da história do cinema. Dizer que o Vigo, o Bresson e esse Truffaut são sobrevalorizados é uma das coisas mais disparatadas que ouvi nos últimos tempos e só pode ser dito por alguém que nada entende de cinema.
10 comments:
Porquê? Era bom que desses razões, que argumentasses.
Esta escolha parece demonstrar algum desconhecimento histórico: mesmo que não gostes, a influência dos filmes de Vigo e Truffaut, por exemplo, é inquestionável (o que faz com que não possam estar 'sobrevalorizados', já que a história confirma o seu valor).
Mas claro podes não gostar. Provavelmente aquilo que não aprecias é o que faz deles filmes únicos. Todos estes cinco são.
Sérgio,
Agradeço o comentário. Tentando responder brevemente:
1 – O meu post pretendia ser apenas uma enumeração (na linha estrutural de outros posts que podem ser encontrados neste blogue), não uma reflexão ou argumentação. Em todo o caso, a explanação de ideias pode ser feita nesta zona de comentários sempre que justificado.
2 – Pessoalmente não encaro a cinefilia como um processo de levantamento histórico. O Cinema tem naturalmente uma raiz histórico-cultural inultrapassável, que deve ser considerada quando se analisa um filme, mas gosto de pensar pela minha própria cabeça e sentir com o meu próprio coração as imagens em movimento que compõem determinado filme.
3 – Apesar de gostar muito de História não sou historiador e a perspectiva em que me coloco é, em regra, a de espectador. Daí que a cinefilia, enquanto atitude pessoal e intransmissível, se faça muitas vezes contra ou apesar da História. O valor histórico de um filme não é mais do que o valor atribuído, num dado momento, pela historiografia do Cinema, e a História é suficientemente dinâmica e complexa (e o Cinema uma arte ainda tão jovem…) para encetarmos juízos definitivos. Daí que privilegie a perspectiva pessoal, que é também dinâmica e evolutiva, mas que me interessa mais quando penso/debato sobre Cinema. No limite voltamos à velha questão: buscamos/valorizamos filmes que sejam importantes para a História ou que sejam importantes para nós? Pela minha parte respondo: busco filmes que sejam importantes para mim (que sejam memórias pessoais), sendo que os filmes historicamente importantes são uma excelente e inevitável fonte para essa busca permanente.
4 – Dito isto, não nego (nem analisei) a importância histórica de cada um dos filmes que enumerei. Nem digo que sejam maus filmes. Nem sequer pretendi contrapor a minha perspectiva à perspectiva histórica. Ao dizer que são 5 filmes sobrevalorizados pretendo apenas dizer que tenho a percepção de que são filmes a que a maioria dos espectadores/cinéfilos (sobretudo os contemporâneos) atribui um valor que pessoalmente não lhes reconheço. Independentemente da História, é nos elogios estritamente artísticos que me baseio para este exercício radicalmente subjectivo que é afirmar que são filmes sobrevalorizados.
Cumprimentos,
JRB
João:
Mas a questão do valor subjectivo, do valor para ti, leva a outra: Para quê escrever? (Para quem? é outra.) Penso que só poderá ser para contribuir para o 'entendimento' de determinado filme e por extensão do próprio cinema. Bem sei que esta idea não é muito popular. Espera-se dos críticos por vezes uma mera opinião, melhor ou pior defendida, mas quase nunca 'argumentada'. Essa foi uma das coisas que sempre me frustrou no exercício da crítica e que me levou a dizer 'adeus'.
Como dizes, a história é dinâmica e a tua (a nossa) relação com os filmes também. Tudo bem. Mas com certeza esta subjectividade que defendes não se basta a si própria. Por isso lês, vês outros filmes: és um espectador informado. Tens uma educação específica em relação ao cinema e isso influencia o modo como vês e avalias os filmes. O que eu disse é que sobretudo quando se fala de marcos como estes é necessário saber de onde eles vieram e o que veio deles. Chama-se a isso 'humildade' (porque há sempre muito que não sabemos) e 'curiosidade' (porque queremos saber).
Cumprimentos,
"exercício radicalmente subjectivo"
sempre o mesmo argumento de quem não entende o cinema como um mundo, uma história, as suas relações, interpelações, ligações, etc...e realmente atirar assim "para o ar" um exercicio tão fútil é lamentavél...
O bresson, o Truffaut e os outros que te perdoem que eu não posso...
Cumprimentos
João concordo no que diz respeito ao filme do Mallick, pessoalmente não me disse nada. Quanto aos restantes não vi nenhum (/me envergonhada):-(
a resposta:
http://raging-b.blogspot.com/
Cumprimentos
Parabéns pelo post. Deve ser a coisa mais erudita, profunda e sabedora que li sobre o cinema, não sei como consegues.
Flávio não percebo bem porquê implicar com este post. O post, penso que, da maneira como o vejo, não pretende ser profundo nem erudito, para isso quanto muito estarão as críticas. O post é apenas uma lista. Como esta deparo-me com outras em tantos, tantos blogs por aí espalhados. Também deixa este comentários nos outros?
Lista ou não, é um completo disparate. Não entendo o que faz o Feiticeiro de Oz e o Brave New World no meio dessas 3 obras primas da história do cinema. Dizer que o Vigo, o Bresson e esse Truffaut são sobrevalorizados é uma das coisas mais disparatadas que ouvi nos últimos tempos e só pode ser dito por alguém que nada entende de cinema.
Quando disse "Brave New world" estava a referir-me ao "The New world"
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