Crónicas Cinematográficas de Verão
É Verão. O calor aumenta, o cansaço acumula-se e em cinema apetece ver um bom blockbuster de acção ou aventura. Filmes essencialmente de entretenimento (uma vocação de sempre da 7.ª Arte) com boas ideias de cinema. Dir-se-ia, para abreviar, que apetece ver um grande «filme de Verão». E como a história do Cinema está repleta de geniais e memoráveis «filmes de Verão»…
Foi com isto em mente e o calor em fundo que me desloquei à sala de cinema mais próxima para ver «Live Free or Die Hard», o filme que marca o regresso do mítico John McClane. É verdade que o trailer não augurava nada de especialmente memorável (mas quantas vezes nos surpreendemos?). Também é verdade que Len Wiseman não é um autor como John McTiernan (mas Renny Harlin também não é e não é por causa disso que «Die Hard 2» deixa de ser um grande filme). E é igualmente verdade que na sua génese os filmes com John McClane são mais filmes de Natal do que filmes de Verão (mas essa é outra conversa…).
É verdade tudo isso. Mas nada melhor – pensei eu – do que reencontrar uma velha personagem de infância e o transbordante carisma de Bruce Willis (talvez a última grande star do cinema de acção norte-americano). Pensei mal! Nada pior e mais deprimente do que isto! Chega a ser confrangedor observar John McClane (uma apagadíssima sombra daquilo que foi) a passear-se pelas mais enfadonhas cenas de acção que se podem imaginar, ao sabor de um argumento tão patético que só encontra paralelo no inacreditável vilão escolhido. Como se já não bastasse, deparamo-nos também com uma total ausência de base dramática, quer no plano geral quer no plano familiar: John McLane parte em salvação da filha como se estivesse à procura do gato da vizinha do lado; e se o caricatural e unidimensional «mundo» deste filme está em risco, então apetece ser Snake Plissken – sobretudo do «Escape From L.A.», um fabuloso «filme de Verão» – por um dia e mandar tudo pelos ares!
Foi com isto em mente e o calor em fundo que me desloquei à sala de cinema mais próxima para ver «Live Free or Die Hard», o filme que marca o regresso do mítico John McClane. É verdade que o trailer não augurava nada de especialmente memorável (mas quantas vezes nos surpreendemos?). Também é verdade que Len Wiseman não é um autor como John McTiernan (mas Renny Harlin também não é e não é por causa disso que «Die Hard 2» deixa de ser um grande filme). E é igualmente verdade que na sua génese os filmes com John McClane são mais filmes de Natal do que filmes de Verão (mas essa é outra conversa…).
É verdade tudo isso. Mas nada melhor – pensei eu – do que reencontrar uma velha personagem de infância e o transbordante carisma de Bruce Willis (talvez a última grande star do cinema de acção norte-americano). Pensei mal! Nada pior e mais deprimente do que isto! Chega a ser confrangedor observar John McClane (uma apagadíssima sombra daquilo que foi) a passear-se pelas mais enfadonhas cenas de acção que se podem imaginar, ao sabor de um argumento tão patético que só encontra paralelo no inacreditável vilão escolhido. Como se já não bastasse, deparamo-nos também com uma total ausência de base dramática, quer no plano geral quer no plano familiar: John McLane parte em salvação da filha como se estivesse à procura do gato da vizinha do lado; e se o caricatural e unidimensional «mundo» deste filme está em risco, então apetece ser Snake Plissken – sobretudo do «Escape From L.A.», um fabuloso «filme de Verão» – por um dia e mandar tudo pelos ares!
Uns dias antes, eu e vários membros deste blog tínhamos ido à antestreia do «Transformers», programado para passar em projecção digital (factor mais atractivo do que o filme em si). Sucede, no entanto, que a mestria técnica da Lusomundo colocou os espectadores perante um profundíssimo dilema existencial (que jamais pensaria que me fosse colocado numa sala de cinema): a) ou assistem à magnífica projecção digital de «Transformers»… sem som; b) ou (alternativa fascinante) podem usufruir em pleno do som do filme se optarem por assistir à projecção da cópia normal, meticulosa e competentemente desfocada! É claro que «abandonar de imediato a sala» seria sempre uma prometedora terceira opção, mas o peso da inércia fez-nos permanecer sentados a observar as diligentes tentativas da Lusomundo para estabelecer uma quarta e inesperada opção: ver o filme em projecção digital e com som! Nada feito. Após 4 ou 5 tentativas de projecção digital (todas sem som, à excepção de uma em que pudemos ver o genérico do filme ao som da rádio que servia de música ambiente do Cinema) foi-nos imposta a fascinante opção b).
De modo que ver o novo filme de Michael Bay (este sim, ao contrário de Len Wiseman, um verdadeiro autor… apesar de fraquinho) devidamente desfocado foi o nosso destino. O interesse que poderia residir neste filme estaria à partida na possibilidade de recriar em cinema uma mítica série de infância (de novo a infância como desculpa). E a verdade é que durante uma boa parte da sua duração, «Transformers» estava a ser bom entretenimento, com uma gestão minimamente controlada da acção, uma veia cómica interessantíssima e um lado humano minimamente composto. Mas depois o filme descontrola-se, dramatiza-se artificialmente e, enfim, perde coerência e consistência. A projecção, essa, manteve uma coerência e consistência inabaláveis: sempre certeiramente desfocada. Eis a era digital, segundo a Lusomundo (em rima perfeita com isto).
Resumindo e concluindo: estão difíceis estes tempos de Verão…
2 comments:
Johnny, vim ver-te ao blog exactamente para saber se já tinhas visto o Die Hard! E agora estou de rastos por ter descoberto que este reencontro vai ser uma desilusão! Podia não ver o filme, certíssimo, acabava-se já o drama. Mas é mais forte do que eu, tenho um certo crush pelo Billie Willie e não consigo não ir ver...
este Verão não dão descanso aos blockbusters, e mesmo assim não estreiam cá todos (como no USA).
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