18.3.07

The Age of Innocence

O que mais me fascina neste filme de Martin Scorsese é a contenção dramática com que todo aquele universo é filmado. As relações humanas, construídas através de sentimentos e emoções escondidas, são de uma densidade psicológica tal que o próprio Scorsese afirmou que, sem ter uma gota de sangue, este é o seu filme mais violento.

Repare-se, por exemplo, no jantar de despedida de Ellen. A despedida é isso: um jantar com uma multidão, onde os sentimentos não se podem revelar e as emoções têm que ser controladas. E então, Ellen abandona o jantar, dirigindo-se à sua carroça, como se se tratasse de mais uma casualidade e como se fossem voltar a estar juntos no dia seguinte: Newland não lhe disse adeus, nem a ficou a ver a afastar-se, não porque não desejasse, mas devido à sociedade em que se inserem. É a grande proeza de Scorsese, conseguir mostrar o que existe por dentro das personagens, mesmo que isso não seja visível cá fora; captar a frieza do que se vê, contrastando-a com um sentimentalismo invisível. E, por isso mesmo, The Age of Innocence é também um filme profundamente comovente.

3 comments:

Anonymous said...

Filme belíssimo, que necessito rever outra vez. Um Scorsese de época, mas que, muito mais que o exterior, é uma história de "interiores" pessoais.

C. said...

É uma pena que se esqueçam sempre deste filme quando enumeram os melhores de Scorsese... para mim, é fabuloso!

Miguel Galrinho said...

É, realmente, um filme bastante esquecido. Para mim (e sei que quase ninguém concorda com isto), está entre os 3 melhores de Scorsese.