6.3.07

Great Expectations

Porque os sonhos não são do tamanho do corpo, mas da alma, o pequeno Pip (órfão, habitante de uma pequena aldeia em Inglaterra) tinha uma grande esperança: tornar-se um gentleman. Porém, não era por questões sociais que o queria fazer, mas porque na casa de uma senhora estranha (Miss Havisham), que por um desgosto de amor há anos não saía para ver a luz do dia, conheceu Estella, por quem se apaixonou, que se viria a tornar uma mulher fria e sem coração, como ela própria se descreve.

As grandes esperanças de Pip acabam por se realizar, pois alguém anónimo decidiu financiar os seus estudos em Londres. A partir daqui, Great Expectations é uma reflexão sobre o amor, sob todas as suas formas e toda a complexidade que esteja associada à palavra. Por um lado, a instável relação com Estella (porque não é o estatudo social que nos traz os sonhos que queremos); por outro, as saudades daqueles que deixou, que mesmo não sendo a sua família era como se fossem, mas que agora estão tanto mais distanciados quanto mais estão juntos, pois é quando as diferenças dos caminhos que tomaram se tornam mais evidentes.

David Lean é talvez o maior dos cineastas ingleses, e este filme é mais uma prova disso. Great Expectations pode ser tão doloroso e desencantado como naquela cena em que Pip volta à sua aldeia e imagina as vozes dos "familiares" e o que lhe diriam se tivesse passado a noite na sua antiga casa, e não no hotel; e ao mesmo tempo tão belo como naquele sublime momento em que Pip abre finalmente as cortinas da velha casa de Miss Havisham. Há muitos anos, tinha sido por amor que Miss Havisham as fechara; agora, é também por amor que a luz do sol pode voltar a entrar pelas janelas para iluminar Pip e Estella.

No comments: