20.11.07

Cinema de Elite


Dificilmente um objecto como este tremendo Tropa de Elite poderia surgir no contexto das sociedades do Primeiro Mundo, dominadas por essa censura (cada vez menos) invisível do politicamente correcto. Provavelmente, ainda bem. É sinal que vivemos longe desta violência limite e suas terríveis consequências.

O certo é que esta frenética, dura e implacável realização de José Padilha é o filme com mais cojones que vi em muitos anos. Emoções, perspectiva, humanidade, contextualização social e política - isto sim é cinema de intervenção! Melhor: é Cinema e pronto.

Claro que um tratamento destes não poderia passar sem os epítetos de fascista e outras palavrinhas agradáveis com que os donos do pensamento colectivo gostam de rotular o que foge da sua cartilha de bem-pensar. Preferem certamente a "clareza" e "boas intenções" dos "documentários" do Senhor Moore.

Simplicidade na exposição dos problemas e disposição dos personagens perante os mesmos é muito diferente de simplismo, assim como não se pode confundir a perspectiva do personagem com a do autor.

Para mim, Tropa de Elite funcionou como um filme de uma total honestidade para com os actores da história e o drama que os envolve, e, sobretudo, para com o espectador e a sua liberdade de decidir sobre o que lhe é dado a ver.

4 comments:

jamagonça said...

Então, pessoal. Essa realidade mostrada no filme, de certa forma é a realidade do Brasil, sobretudo do Rio de Janeiro. O filme é extremamente de direita sim, mas a corrupção policial é um fato aqui para nós. O cidadão honesto tem medo de bandido (que está por todo lado, até nas cidades pequenas do interior), mas também tem medo da polícia, quase sempre corrupta. Felizes são vocês, nosso povo irmão que vivem na Europa, um lugar que nos parece um pouco mais civilizado que essa barbárie que vivemos aqui diariamente.
grande abraço,
jamile.

Anonymous said...

um bom filme vi no brasil adorei

Gustavo H.R. said...

É um raro exemplar cinema de "guerrilha", não no sentido prático de como foram feitas as filmagens, mas sim no seu espírito intrépido, que ousa bater de frente com o que for necessário para expor e esclarecer.
Padilha é motivo de orgulho para os cinéfilos brasileiros.

Anonymous said...

vi o filme do Bope e gostei imenso. Ao nível do Cidade de Deus, a retratar o problema das favelas e da droga.

Este aqui aborda tb o problema eterno da corrupção na polícia, que é o maior problema de todos que existe no brasil e dificilmente irá mudar.