5.4.07

Stranger Than Paradise

São mais imagens do que texto, é verdade, mas propositadamente. Porquê? Desde logo, porque acabei de o ver há pouco, na Cinemateca, e as palavras para falar de filme tão dirigido ao interior de cada espectador ainda escasseiam. Depois, é também um filme mais de imagens do que de palavras. E são de um desencanto enorme, estas imagens, e as personagens que lá habitam, cansadas da repetição do quotidiano; das mesmas coisas, das mesmas pessoas, dos mesmos lugares. Até chegar a um ponto em que até as coisas novas parecem as mesmas. ("You know, it's funny... you come to someplace new... and everything looks just the same.") Até os sorrisos parecem desencantados e tristes. (Aquela cena em que Willie compra óculos de sol iguais para todos...) Até nos momentos de maior desespero, parece nem haver forças para o demonstrar. (Como quando perdem todo o dinheiro e passeiam calmamente na praia...) Só há um niilismo que tudo ofusca e que a tudo se sobrepõe. (E não me esqueço daquela imagem de solidão de Eva sentada ao pé da praia... a última deste post.)

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