Melhores do Ano (João Eira)
Como já referi num post anterior, foi um ano bastante fraquinho em Portugal no que às estreias comerciais diz respeito, provavelmente o mais fraquinho da década até agora. Aqui fica o tradicional TOP 10.
1º INLAND EMPIRE
Por uma margem larga, o Filme do Ano. Goste-se ou não, mais ninguém filma (ou filmou) como Lynch, que habita um mundo cinematográfico completamente pessoal e intransmissível. INLAND EMPIRE é uma súmula empírica do Universo do realizador, uma espécie de história do cinema na mais pura e emocional das formas, tendo por veículo Laura Dern, personificação de todas as actrizes, ou, porventura, de todas as mulheres.
2º Promessas Perigosas (Eastern Promises)
Depois de A History of Violence, Cronenberg continua por territórios do crime, mas fiel ao seu universo autoral de sempre, num filme que repete também a excelência da interpretação de Viggo Mortensen.
3º Paranoid Park (Paranoid Park)
Gus Van Sant continua a reinventar os dispositivos formais que utilizou em Elephant, centrando-se aqui na construção de um olhar sobre um certa adolescência, mas fugindo sempre a qualquer esquema ou visão à priori. Van Sant olha a vida de Alex de forma singularmente envolvente e complexa, mas construindo significados e imagens a partir de um quotidiano (aparentemente) banal.
4º Cartas de Iwo Jima (Letters From Iwo Jima)
Eastwood não sabe filmar mal, e, tal como o seu irmão gémeo Flags of Our Fathers, Letters from Iwo Jima só peca por não atingir a sublimidade das suas duas anteriores obras. Este relato cru e desencantado da destruição e futilidade da guerra, acaba por ser, paradoxalmente, um objecto de incomensurável beleza.
5º As Vidas dos Outros (Das Leben der Anderen)
O filme de Florian von Donnersmarck consegue ser ao mesmo tempo retrato certeiro da completa asfixia e exterminação da privacidade provocada por um regime totalitário colectivista, melodrama comovente e testemunho de fé na capacidade do espírito humano para, no seu melhor e também no seu pior, distorcer qualquer utopia imposta por cânones de pensamento único. É também uma ficção muito real para aqueles que viveram os tempos finais da Guerra Fria, mesmo que do lado de cá da cortina.
6º O Bom Pastor (The Good Shepherd)
Se mal consigo lembrar o último grande papel de De Niro, esta nova realização vem trazer algum conforto, depois do simpático mas obnubilável e já distante A Bronx Tale. The Good Sheperd é um filme fora do seu tempo, na forma como aborda o nascimento da CIA, mas, sobretudo, na gestão dos seus tempos dramáticos. Numa era marcada pelo hype, imagens aceleradas e ausência de memória, o filme de De Niro estava destinado à incompreensão e ao esquecimento.
7º A Estranha em Mim (The Brave One)
Ver comentário aqui.
8º Zodíaco (Zodiac)
Zodiac confirma Fincher como um dos mais destacados representantes de uma tendência cada vez mais presente no grande cinema americano de hoje, partindo dos grandes princípios e formas do cinema clássico, para as desconstruir, recriar e reinventar, não traindo a sua lógica fundadora.
9º Os Anjos Exterminadores (Les Anges Exterminateurs)
Aproveitando os incidentes na sua vida pessoal que se seguiram à estreia do estimulante Choses Secrètes, Brisseau cria um filme semi-autobiográfico de ambientes singulares. Misto de exploração sensorial, sarcasmo e erotismo, Les Anges Exterminateurs questiona os limites da criação artística e do criador, desafiando as fronteiras entre ficção e realidade e testando os limites do próprio Cinema. Numa palavra, fascinante!
10º Call Girl
Ver comentário aqui.
1º INLAND EMPIRE
Por uma margem larga, o Filme do Ano. Goste-se ou não, mais ninguém filma (ou filmou) como Lynch, que habita um mundo cinematográfico completamente pessoal e intransmissível. INLAND EMPIRE é uma súmula empírica do Universo do realizador, uma espécie de história do cinema na mais pura e emocional das formas, tendo por veículo Laura Dern, personificação de todas as actrizes, ou, porventura, de todas as mulheres.
2º Promessas Perigosas (Eastern Promises)
Depois de A History of Violence, Cronenberg continua por territórios do crime, mas fiel ao seu universo autoral de sempre, num filme que repete também a excelência da interpretação de Viggo Mortensen.
3º Paranoid Park (Paranoid Park)
Gus Van Sant continua a reinventar os dispositivos formais que utilizou em Elephant, centrando-se aqui na construção de um olhar sobre um certa adolescência, mas fugindo sempre a qualquer esquema ou visão à priori. Van Sant olha a vida de Alex de forma singularmente envolvente e complexa, mas construindo significados e imagens a partir de um quotidiano (aparentemente) banal.
4º Cartas de Iwo Jima (Letters From Iwo Jima)
Eastwood não sabe filmar mal, e, tal como o seu irmão gémeo Flags of Our Fathers, Letters from Iwo Jima só peca por não atingir a sublimidade das suas duas anteriores obras. Este relato cru e desencantado da destruição e futilidade da guerra, acaba por ser, paradoxalmente, um objecto de incomensurável beleza.
5º As Vidas dos Outros (Das Leben der Anderen)
O filme de Florian von Donnersmarck consegue ser ao mesmo tempo retrato certeiro da completa asfixia e exterminação da privacidade provocada por um regime totalitário colectivista, melodrama comovente e testemunho de fé na capacidade do espírito humano para, no seu melhor e também no seu pior, distorcer qualquer utopia imposta por cânones de pensamento único. É também uma ficção muito real para aqueles que viveram os tempos finais da Guerra Fria, mesmo que do lado de cá da cortina.
6º O Bom Pastor (The Good Shepherd)
Se mal consigo lembrar o último grande papel de De Niro, esta nova realização vem trazer algum conforto, depois do simpático mas obnubilável e já distante A Bronx Tale. The Good Sheperd é um filme fora do seu tempo, na forma como aborda o nascimento da CIA, mas, sobretudo, na gestão dos seus tempos dramáticos. Numa era marcada pelo hype, imagens aceleradas e ausência de memória, o filme de De Niro estava destinado à incompreensão e ao esquecimento.
7º A Estranha em Mim (The Brave One)
Ver comentário aqui.
8º Zodíaco (Zodiac)
Zodiac confirma Fincher como um dos mais destacados representantes de uma tendência cada vez mais presente no grande cinema americano de hoje, partindo dos grandes princípios e formas do cinema clássico, para as desconstruir, recriar e reinventar, não traindo a sua lógica fundadora.
9º Os Anjos Exterminadores (Les Anges Exterminateurs)
Aproveitando os incidentes na sua vida pessoal que se seguiram à estreia do estimulante Choses Secrètes, Brisseau cria um filme semi-autobiográfico de ambientes singulares. Misto de exploração sensorial, sarcasmo e erotismo, Les Anges Exterminateurs questiona os limites da criação artística e do criador, desafiando as fronteiras entre ficção e realidade e testando os limites do próprio Cinema. Numa palavra, fascinante!
10º Call Girl
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