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2.1.08

Melhores de 2007 (João Ricardo Branco)


1 -INLAND EMPIRE, de David Lynch
2 -The Fountain, de Darren Aronofsky
3 -Death Proof, de Quentin Tarantino
4 -Eastern Promises, de David Cronenberg
5 -Das Leben der Anderen, de Florian von Donnersmarck
6 -Letters From Iwo Jima, de Clint Eastwood
7 -Control, de Anton Corbijn
8 -Paranoid Park, de Gus Van Sant
9 -Zodiac, de David Fincher
10 -Die Grosse Stille, de Philip Gröning

Num ano de Cinema não especialmente forte, «INLAND EMPIRE» afirma-se como obra capital. Trata-se não apenas do melhor filme de David Lynch – um dos cineastas fundamentais dos últimos 30 anos – mas também de um dos rasgos de génio mais profundos e radicais do cinema das últimas décadas. «INLAND EMPIRE» estará para a obra de Lynch como «Persona» está para a obra de Bergman: ambos partem de uma necessidade de interrogar os limites formais do Cinema na representação de uma abstracção absoluta e ensaiam um duplo movimento oposto que tudo estremece: por um lado, penetram as imagens até ao limite em busca do que elas escondem no seu interior; por outro, distanciam-se o mais possível delas em busca do Todo que as une. Em qualquer dos casos o resultado é vertiginoso e abala-nos irreversivelmente: deixamos de saber onde termina e onde começa o olhar, onde existem imagens e onde existem meros reflexos de outras imagens, onde está a câmara que filma todas as outras câmaras e onde está a verdadeira identidade das personagens que se mascaram ou se projectam noutras. É cinema total e absoluto, mera sucessão de imagens que tudo dizem e nada dizem. De tal modo que o que verdadeiramente importa em «INLAND EMPIRE» não é aquilo que as imagens nos mostram: é aquilo que elas nos escondem.

A uma distância considerável encontram-se os restantes nove filmes. «The Fountain», obra-prima absoluta e injustamente maltratada, também ela a uma distância considerável dos restantes oito filmes, é uma história de amor intemporal (literalmente!), radical, desmedida, transcendente e desesperada, que desafia permanentemente as nossas certezas e nos atinge emocionalmente por completo.

Os restantes oito filmes marcaram-me de forma diversificada e a sua inclusão neste TOP10 justifica-se por inúmeras razões. Em «Death Proof» vejo novas e vibrantes possibilidades cinematográficas e a certeza de que a imensa paixão de Tarantino pelo Cinema encontrou aqui um corpo perfeito. De «Eastern Promises» guardo sobretudo o olhar de Cronenberg sobre a religiosidade implícita no espaço que separa a morte da vida. «Das Leben der Anderen» foi uma das mais desarmantes surpresas de 2007, pequeno filme inspirador e comovente que nos devolve a possibilidade de acreditar no poder transformador da Arte. Em «Letters From Iwo Jima» volto a encontrar a envergadura do cinema de Eastwood na encenação de um intimismo dramático sempre em fricção com a irreversibilidade da morte. «Control» acertou-me em cheio com a sua capacidade estética para construir uma personagem enorme, que contorna em absoluto o ícone e a reprodução e que se assume como uma verdadeira personagem trágica e, nesse sentido, eminentemente cinematográfica. De «Paranoid Park» guardo essencialmente a forma como as imagens construídas por Van Sant conseguem rimar numa verdadeira poesia sobre a angústia de crescer. «Zodiac» é um exemplar thriller policial e merece o meu destaque em razão da sua enorme riqueza dramática e do virtuosismo adulto de Fincher. «Die Grosse Stille» conquistou-me, enfim, pela radicalidade da sua proposta e pelo muito Cinema que esconde.

Que 2008 seja um grande ano de Cinema!

1.1.08

Melhores de 2007 (Paulo Albuquerque)

1- I Don't Want to Sleep Alone de Tsai Ming-Liang *
2- Eastern Promises de David Cronenberg
3- Letters From Iwo Jima / Flags of Our Fathers de Clint Eastwood
4- Still Life de Jia Zhang-Ke
5- Zodiac de David Fincher
6- Il Caimano de Nanni Moretti
7- The Death of Mr Lazarescu de Cristi Puiu
8- Les Anges Exterminateurs de Jean-Claude Brisseau
9- Paranoid Park de Gus Van Sant
10-Black Book de Paul Verhoeven, Climates de Nuri Bilge Ceylan e The Good Shepherd de Robert de Niro
*lançado directamente para o mercado de dvd

Sem Distribuição:
1- Opera Jawa de Garin Nugroho
2- He Fengming de Wang Bing
3- Syndromes and a Century de Apichatpong Weerasethakul
4- In Between Days de So Yong Kim
5- Alexandra de Aleksandr Sokurov e Black Sheep de Jonathan King

31.12.07

Melhores do Ano (João Eira)

Como já referi num post anterior, foi um ano bastante fraquinho em Portugal no que às estreias comerciais diz respeito, provavelmente o mais fraquinho da década até agora. Aqui fica o tradicional TOP 10.


1º INLAND EMPIRE

Por uma margem larga, o Filme do Ano. Goste-se ou não, mais ninguém filma (ou filmou) como Lynch, que habita um mundo cinematográfico completamente pessoal e intransmissível. INLAND EMPIRE é uma súmula empírica do Universo do realizador, uma espécie de história do cinema na mais pura e emocional das formas, tendo por veículo Laura Dern, personificação de todas as actrizes, ou, porventura, de todas as mulheres.

2º Promessas Perigosas (Eastern Promises)

Depois de A History of Violence, Cronenberg continua por territórios do crime, mas fiel ao seu universo autoral de sempre, num filme que repete também a excelência da interpretação de Viggo Mortensen.

3º Paranoid Park (Paranoid Park)

Gus Van Sant continua a reinventar os dispositivos formais que utilizou em Elephant, centrando-se aqui na construção de um olhar sobre um certa adolescência, mas fugindo sempre a qualquer esquema ou visão à priori. Van Sant olha a vida de Alex de forma singularmente envolvente e complexa, mas construindo significados e imagens a partir de um quotidiano (aparentemente) banal.

4º Cartas de Iwo Jima (Letters From Iwo Jima)

Eastwood não sabe filmar mal, e, tal como o seu irmão gémeo Flags of Our Fathers, Letters from Iwo Jima só peca por não atingir a sublimidade das suas duas anteriores obras. Este relato cru e desencantado da destruição e futilidade da guerra, acaba por ser, paradoxalmente, um objecto de incomensurável beleza.

As Vidas dos Outros (Das Leben der Anderen)

O filme de Florian von Donnersmarck consegue ser ao mesmo tempo retrato certeiro da completa asfixia e exterminação da privacidade provocada por um regime totalitário colectivista, melodrama comovente e testemunho de fé na capacidade do espírito humano para, no seu melhor e também no seu pior, distorcer qualquer utopia imposta por cânones de pensamento único. É também uma ficção muito real para aqueles que viveram os tempos finais da Guerra Fria, mesmo que do lado de cá da cortina.

O Bom Pastor (The Good Shepherd)

Se mal consigo lembrar o último grande papel de De Niro, esta nova realização vem trazer algum conforto, depois do simpático mas obnubilável e já distante A Bronx Tale. The Good Sheperd é um filme fora do seu tempo, na forma como aborda o nascimento da CIA, mas, sobretudo, na gestão dos seus tempos dramáticos. Numa era marcada pelo hype, imagens aceleradas e ausência de memória, o filme de De Niro estava destinado à incompreensão e ao esquecimento.

A Estranha em Mim (The Brave One)

Ver comentário aqui.

Zodíaco (Zodiac)

Zodiac confirma Fincher como um dos mais destacados representantes de uma tendência cada vez mais presente no grande cinema americano de hoje, partindo dos grandes princípios e formas do cinema clássico, para as desconstruir, recriar e reinventar, não traindo a sua lógica fundadora.

9º Os Anjos Exterminadores (Les Anges Exterminateurs)

Aproveitando os incidentes na sua vida pessoal que se seguiram à estreia do estimulante Choses Secrètes, Brisseau cria um filme semi-autobiográfico de ambientes singulares. Misto de exploração sensorial, sarcasmo e erotismo, Les Anges Exterminateurs questiona os limites da criação artística e do criador, desafiando as fronteiras entre ficção e realidade e testando os limites do próprio Cinema. Numa palavra, fascinante!

10º Call Girl

Ver comentário aqui.

30.12.07

2007 - Os Melhores

Se foi difícil elaborar uma lista dos piores filmes do ano (devido ao elevado número de candidatos), a tarefa de eleger os melhores tambén foi complicada, mas no presente casa, devido ao escasso número de elegíveis...

Eis os escolhidos, do melhor para o menos bom:


Eastern Promises
De longe... de muito longe, o melhor filme do ano, e indo mais longe ainda, um dos melhores filmes da década. talvez eu há um ano atrás tenha dito o mesmo de A History of Violence. E fui verdadeira. Mas Eastern Promises é ainda melhor que o último filme de Cronenberg. Viggo Mortensen tem aqui o papel da sua vida, e a galeria de secundários que o rodeia é irerpreensível. O argumento é fortíssimo, duro, violento, e a espaços comovente, e está filmado com uma crueza que reflecte todos esses estados de espírito. A rever, várias vezes.

Letters from Iwo Jima
Clint Eastwood está em grande forma, e a forma como Letters from Iwo Jima está filmado reflecte isso. Todas as cenas do filme respiram cinema, e não nos é difícil acreditar que aquelas pessoas existiram na realidade, já que o argumento criou boas situações e personagens, e os actores encarnaram-nas de forma irrepreensível.

Das Leben der Anderen
Tomara todos os realizadores escreverem e realizarem uma primeira obra do gabarito deste Das Leben der Anderen. Von Donnersmarck faz um retrato (que eu acredito ser fiel) de uma sociedade extinta e que me é desconhecida, povoando-a de personagens complexas, e por isso, completas. O clímax final, que poderia tão naturalmente cair no lugar-comum, e no exagero de querer puxar a lágrima fácil é, pelo seu oposto, tão contido que se torna ainda mais comovente.

Don't Come Knocking
Confesso que as minhas expectativas para este filme não eram muitas. De Wenders, tinha apenas tentado ver The Million Dollar Hotel, e desistido ao fim de 30 minutos. Por várias vezes. Mas esta história de auto-descoberta e descoberta mútua das várias personagens é filmada de forma simples e comovente, fazendo um retrato de uma América que muitos julgam perdida. (Ah... e a música original que o Bono compôs para o filme é magnífica!)

Les Chansons d'Amour
Cada vez que penso no filme, só rezo para uma rápida edição do mesmo em DVD, para o poder rever. Sobre ele, está tudo dito aqui.

Venus
Uma das mais agradáveis surpresas do ano, com um Peter O'Toole a mostrar que ainda está aí para as curvas (o desgosto que eu tive por ele não ter ganho o Óscar...), num filme sobre uma velha amizade, e uma nova, e completamente inesperada amizade. A história conta-se até ao último segundo de filme, e parece-nos continuar para lá dele. Uma pérola que recomendo a quem não tenha visto.

The Good German
Há filmes, como Control, em que a opção por filmar a preto e branco é mais estilística que outra coisa, e pouco serve a narrativa. Noutros, como este, essa opção serve a narrativa, transportando-nos a um tempo em que tudo era filmado assim, conta-nos uma história dessa época (à qual eu sou particularmente sensível, confesso), realizado como uma boa homenagem aos filmes dessa altura, e com personagens reais que nos transportam a essa realidade. Pode-se pedir mais?

The Good Shepherd
Já várias vezes disse, em conversas com amigos, que Robert de Niro, ultimamente, tem o "toque de Midas ao contrário". Ou seja, tudo o que faz é mau (os últimos filmes em que tem participado são atrozes). Depois, realiza este The Good Shepherd e eu, felizmente, tenho que morder a língua. Um thriller competentíssimo, inventivo, com um bom argumento e recheado de boas interpretações (até de Angelina Jolie, com a qual eu tenho uma embirração especial). Se é para, no fim de x participações em maus filmes, voltar a realizar filmes destes... que o continue a fazer!

Zwartboek
Paul Verhoeven apresenta-nos um filme sobre uma parte da II Guerra Mundial na Holanda que não é muito conhecida, que é a do papel da Resistência. Conhecemos a história de uma judia holandesa que se torna membro activo da Resistência, do seu papel na mesma, e de várias intrigas que mudam a sua vida. Com alguns desiquilíbrios, é certo, mas com mais méritos ainda (nomeadamente a actriz, Carice van Houten, que brilha, no seu papel "duplo").

Enchanted
Quem me conhece sabe que eu sou fã dos filmes de animação clássicos da Disney (e dos não-clássicos, ou seja, das colaborações com a Pixar, também), e que um grande desgosto meu tem sido a falta desse tipo de filmes. Enchanted veio colmatar essa falha de uma forma extremamente original e competente. Faz reviver todos os mitos dos contos de fadas, e joga-os na perfeição com a vicissitudes da vida moderna. As interpretações de Amy Adams e James Marsden como personagens "na vida real" nunca nos faz esquecer que, na realidade, eles são bonecos animados, de tal modo fiéis se encontram a esse espírito. Entertenimento familiar da mais alta qualidade! (e para os fãs da Disney, como eu, uma aventura de 107 minutos a descobrir citações subtis (ou nem por isso) a obras anteriores do estúdio!)

Menções Honrosas (ou seja, filmes que poderiam constar na segunda metade deste top!)

Knocked Up - Porque é uma comédia pura e dura, bem interpretada, bem realizada... e que no fundo até tem algo mais sério...

Ratatuille - Porque é animação extremamente bem conseguida, inovadora, e tem uma das cenas mais comoventes de todo o ano!

Rocky Balboa - Porque estava à espera de não gostar. Porque me deu vontade de ver os outros. E porque é bom!

Scoop - Para quem tinha a mania que não gostava de Woody Allen, estes últimos anos têem servido de emenda. Comédia inteligente, misturada com drama e thriller, e interpretações... on the spot!

Zodiac - Ainda não vi um filme de Fincher de que não gostasse (embora Fight Club seja o candidato mais próximo), e este não desilude. Não há nada de mau... mas também nada de genial...

16.11.07

Top... 5!

Tendo em conta o panorama de estreias até ao final de Dezembro, deixo já aqui o meu top, que este ano terá apenas cinco filmes, visto que a fraquíssima qualidade do ano 2007 em Portugal não permite mais. É possível escolher dez filmes, claro, mas não dignos de estar num top de melhores.

1. Eastern Promises, de David Cronenberg
2. Letters from Iwo Jima, de Clint Eastwood
3. Alexander: Revisited, de Oliver Stone
4. The Good Shepherd, de Robert De Niro
5. Redacted, de Brian De Palma

Sou ainda obrigado a colocar um filme que não estreou no circuito normal, mas foi apenas lançado em DVD, a magnífica versão revista do falhado Alexander, de Oliver Stone.

Não farei bottom, mas os destaques negativos vão para os péssimos El Laberinto del Fauno, The Last King of Scotland, Beowulf, e ainda para o pior do ano que vi: Fast Food Nation, de Richard Linklater.

Resta-me esperar um excelente ano cinematográfico para 2008, depois de Clint Eastwood, David Lynch, Darren Aronofsky, Zhang Yimou, David Fincher, Steven Soderbergh, entre outros que nem vale a pena referir, desiludirem.