15.1.07

Persona

Vemos por várias vezes em Persona um miúdo que toca numa tela onde é projectada uma cara feminina. Não sabemos quem é, nem o que quer alcançar (mesmo que possamos debater todos os seus significados possíveis), mas nem por isso nos deixamos de sentir hipnotizados por essa imagem (ou, de uma forma geral, por toda a sequência de imagens que compõe o filme); pelo fascínio com que o miúdo observa e toca naquela tela. Talvez nos identifiquemos com ele. Talvez estejamos mais próximos dele do que pensamos. Talvez, no limite, estejamos a observar e a tactear as imagens de Persona da mesma forma que ele o faz quando toca naquela imagem, enquanto temos uma das experiências mais radicais da História.

2 comments:

C. said...

O meu primeiro Bergman (há alguns anos)... o "meu" Bergman.

Francisco Mendes said...

Um filme eterno, com múltiplas e diversas camadas. Poderá ser encarado como uma reflexão metafórica da relação entre o artista e a audiência ou como uma metáfora para o processo da psicanálise, por exemplo. Mas este é um objecto bastante intimista, algo que deverá ser assimilado individualmente.

Um dos meus Filmes de Altar.