28.9.06

Man may have forgotten how to listen...

É uma pessoa, geralmente uma mulher, tão cheia de esperança, que é capaz de despertar a força vital nos seres vivos.

Esta frase é dita por Paul Giamatti em «Lady in the Water» para descrever uma personagem da história de embalar. Mas poderia muito bem servir para descrever o próprio filme, um objecto cinematográfico com uma mensagem de esperança tão sincera que é capaz de fazer mergulhar o espectador no seu mundo de fantasia e tocar-lhe profundamente. Mas nem por isso é de estranhar que o filme tenha sido tão mal recebido, e que só poucos o adorem incondicionalmente. É normal que não se trate de um filme que consiga encantar qualquer um, visto que se trata de um projecto incrivelmente pessoal; algo muito sentido pelo realizador, e essa genuinidade sente-se imagem a imagem. E, por ser tão pessoal, é natural que não seja aceite por todos da mesma forma. Ou, por outras palavras, é um filme feito menos com a cabeça e mais com o coração.

Shyamalan continua fiel a si próprio, com personagens meio mortas, meio vivas, quase desligadas do mundo real, consequência de fantasmas do passado que continuam a assombrar o presente, roubando-lhes não só a felicidade, mas a fé e a esperança. Porém, a esperança continua lá, escondida no fundo do coração do mais infeliz e desencantado dos seres humanos, reencontrando-a apenas quando “um anjo” lhe aparece, ensinando-o a procurar a sua fé e mostrando-lhe a razão de viver. Afinal, tudo se resume à difícil capacidade acreditar. Em quê? Em nós próprios e em toda a humanidade.

1 comment:

Anonymous said...

Man may have forgotten how to listen

Quem parece ter esquecido repentinamente como ouvir foi o próprio Shyamalan. Este filme é tão autista na forma como se vê a si próprio que renega à partida qualquer hipótese de verdadeira comuunicação com o espectador.