22.9.06

wide awake, now...

Quem pensa que viu todos os filmes de M. Night Shyamalan, como se a sua filmografia começasse apenas em «O Sexto Sentido», precisa de descobrir uma pequena pérola injustamente esquecida, de 1998, chamada «Wide Awake». É, na verdade, aqui, não no filme seguinte, que Shyamalan se começa a definir enquanto cineasta. É uma primeira experiência, com uma realização muito menos arrojada, mas adequada ao registo do filme, que demonstra sobretudo a sua capacidade enquanto argumentista, e introduz um tema recorrente na sua filmografia: a .

O tema está presente, de forma mais ou menos explítica, em qualquer filme de Shyamalan, mas num deles sobressai: «Sinais». Tal como neste, qualquer coisa se perdeu, sentindo a personagem principal necessidade de acreditar em algo divino, de forma a evitar a solidão. Por outro lado, contrariamente a «Sinais», não é um padre que duvida da sua fé, mas uma criança de dez anos, que decide procurar Deus após a morte do avô.

O caminho é, como sempre, composto por dúvidas e incertezas, mas adaptadas à visão ingénua e sincera de uma criança, que Shyamalan capta de forma incrivelmente genuína e comovente, pela forma como constrói personagens e relações. Uma das taglines do filme diz-nos: “Meeting your best friend. Finding your favorite teacher. Having your first crush. Remember what it felt like to be...”. E não deixa de ser verdade: os sentimentos que levam o pequeno Joshua a prosseguir na sua busca são de tal forma sinceros, que M. Night Shyamalan permite, de facto, que o espectador se recorde de como é ser criança.

Aqui ficam duas cenas de «Wide Awake», mostrando, na primeira, a esperança de Joshua, e, na segunda, quase o desespero.

2 comments:

MPB said...

O filme foi a uns anos transmitido pelos extintos canais LUSOMUNDO mais precisamente no GALERY, é verdade que algo no registo autoral já é perceptível, embora não o considere uma obra imaculada, assim como nao considero O SEXTO SENTIDO.
Mas de qualquer maneira é um filme a descobrir por todos os que gostam e até por quem critica a "rigidez" narrativa de M.Night.

Miguel Galrinho said...

Também eu só considero que as obras-primas de M. Night Shyamalan só aparecem a partir de O Sexto Sentido, apesar de considerar tanto este como Wide Awake, dois belíssimos filmes. Estou, neste momento, muito expectante para o Lady in the Water.

Abraço.